Filme: Inception / A Origem (2/2)

(Estreito de Câmara de Lobos, Madeira)
Reality is not enough!
O Filme escolhido para celebrar o meu regresso a Lisboa! Cheguei durante a manhã de sábado de Luanda e à noite estava com a sensação de que nem tinha saído de Lisboa e que o mês em Luanda passou demasiado rápido. 

Dizem que o sonho comanda a vida. E quando a vida comanda o sonho? Quando o que temos não é suficiente? Quando temos demasiadas expectativas na vida? Quando o que queremos parece estar sempre a fugir-nos? Quando corremos atrás do sonho e ele parece que se desvanece no nevoeiro das ideias e dos desejos? Que nos restas? Apenas a realidade? E o que distingue a realidade do sonho? 
Precisamos todos de um totem na nossa vida?
Eu tenho um totem. O meu totem não é nenhum objecto. O meu totem chama-se decepção, porque lido melhor com ela e porque nem tudo acontece por acaso...As nossas energias, positivas ou negativas, também têm algum poder... na realidade. 
Grande filme... vou ver se o vejo novamente cá na ilha. :)

"They´re just moments. They´re not life…" #07

(Estreito de Câmara de Lobos, Madeira)  
Maria: Não sei se canto, não sei se choro. Tudo me dói a pena. Se eu canto espalho mágoas. Se eu choro tudo me lembra. Se eu canto se eu choro. Tudo me dobra a pena

Autor da Foto: Suso de Diego
Mais aqui.  
P.S. - Sinto saudades de África!

Smile of the Day #08

(Estreito de Câmara de Lobos, Madeira)
Estou de férias! Mini-férias... mas são férias. :)

LDA - LIS - FNC

Depois do regresso à Lisboa no passado sábado, hoje vou para a Madeira. Vou para aquela casa que pela sua aproximidade a África não parava de surgir nas minhas memórias enquanto estive em Angola. 
Vou para aquela casa onde sou mimada pelo meu pai. Vou para aquela casa onde a minha mãe oferece-se para engomar a minha roupa. Vou para aquela casa onde durmo no sofá com os meus sobrinhos. Vou para aquela casa onde adormeço à conversa no quarto dos meus irmãos. Vou para aquela casa onde se vê futebol na sala e novelas no quarto. Vou para aquela casa onde as minhas amigas tocam à campainha e entram pela casa adentro. Vou para aquela casa onde leio no quintal à noite. Vou para aquela casa onde somos mais de treze ao domingo durante o almoço. Vou para aquela casa onde durante a noite abro o frigorífico e tem sempre algo que me satisfaz.  Vou para casa dos meus pais. Vou para aquela casa onde sou sempre feliz.
E esta é talvez aquela ida à Madeira que pode mudar o meu sentimento de casa.

África arrebatou-me por completo.

homesick cause I no longer know what home is

errata: 
cause I know what home is when I think of Madeira.
Música: Kings of Convenience - Homesick

Soltas #08

(Lisboa)
"Cada geração tem os seus padrões estéticos capazes de despertarem paixão mas eu, como tenho dito, sinto dificuldade em me projectar em paixões depois da minha adolescência" 
Catarina ou o Sabor da Maça de Alçada Baptista
Imagem do filme Lars and the Real Girl.

Porque os sábados são como os Natais #04

Gosto de música! De boa música! Como alguém me corrigiu um dia destes, não é bom som, é boa música.  
Sempre que é anunciado um concerto que eu quero ver mando vários e-mails para diferentes grupos de amigos a perguntar se alguém quer fazer-me companhia. Já me aconteceu ir sozinha a um concerto. Já me aconteceu ir com muitos amigos. Já me aconteceu ir só com mais uma pessoa. 
Uma das minhas bandas preferidas está de volta a Portugal. Apesar de não saber ainda com quem vou, comprei dois bilhetes. Um para mim e outro para alguém que me há-de acompanhar. 
Optimista? 
Sim. :) 

P.S. - E 12 dias depois, no dia de anos da mãe dela, a minha sobrinha sai da incubadora. :)

Filme: Vão-me buscar alecrim


Chegar a casa nos últimos dias em Lisboa significava ter a companhia do mano A.. 
Não havendo companhia, sentindo a falta do calor humano de Luanda, abro o frigorífico tiro uma mini do frigorífico que acompanho com a ginguba que trouxe. Tomo a decisão de pegar no UCI Card, algum dinheiro e saio de casa. Sem bolsa!!! Ainda efeitos de Angola - apenas o essencial. Opto por um filme sobre relacionamentos. Relacionamentos de um pai com os filhos. Um pai ausente. Um marido, ou melhor um ex-marido e a sua ligação com a ex-mulher. Um pai solteiro e a sua relação com a namorada. Mas, acima de tudo o relacionamento do pai com os seus filhos. Relacionamento esse que muda por completo quando a ex-mulher decide tirar 2 semanas de férias e deixar os filhos com o pai. O pai que não tinha 'pachorra' para eles no início, acaba por  ficar dependente deles ao ponto de ser capaz de mudar a sua vida para os ter por perto.
Gostei.

Divagações #01

Em 2008, por esta altura estava a regressar da Holanda. A O. fez questão de me relembrar disso hoje. Avisou-me também que lá estará na ilha à minha espera na  próxima sexta e que já marcou as viagens para que em Outubro venha até ao contenente para vermos os U2. No sábado à tarde a S. pediu-me para rever um artigo sobre Terapia da Arte no âmbito do mestrado dela. Assim o fiz. No domingo, a I. mandou-me uma sms: "Maria, liga-me" e eu liguei.   No dia 1 de Agosto vamos todas jantar juntas lá na pérola do atlântico.
Ontem fui jantar com outras a m i g a s.  DimSum no Areeiro e depois gelados na Praça de Londres. Conversa em dia. Troca de livros, bds, cds, dvd, experiências, impressões. 

Amigas... como hei-de descrever o sentimento de amizade que me liga aqueles que considero meus amigos? 

A felicidade é consequência da capacidade que temos em nos aceitar tal como somos. E os meus amig@s aceitando-me tal como sou fazem-me feliz.  
Feliz e rouca. :) Desde o meu regresso de Luanda que não paro de bilhardar e de estar ao telefone com as amigas.
Vocês enchem o meu coração!
Dados da foto:
Autor: eu
Data: 22-Julho-2008
Amsterdam, Holland

They say it has no memory #04

(Lisboa)
Lars Lindstrom: [after giving some flowers to Bianca] See they're even fake so they'll never die. 
Já não sei o quê é receber flores.

Lembrei-me desta ontem no aeroporto!

Filme: Inception / A Origem (1/2)

Reality is not enough!

Sem palavras! De génio! Grande filme! Eu depois volto para divagar sobre o filme. Neste momento só quero aconselhar a ida ao cinema e aproveitem para ler o que o que cantinho das artes escreveu sobre o mesmo. Excelente filme!

Noite #12599

Lembrei-me de gozar comigo própria.  :) 
À 12.599 noite da minha vida sinto que estou a ressacar de um dos melhores períodos que atravessei.
O trânsito em Lisboa é tão organizado! Toda a gente respeita os sinais!
Lisboa é tão silenciosa! Fui ao ginásio, fui ao saldanha e daqui a pouco vou ao cinema. Parecia que estava no Estreito...
Lisboa é quente! 
Luanda é quente mas é mais húmida, não é tão seca. 
Lisboa tem poucos angolanos ao sábado. 
Luanda tem alguns portugueses ao sábado. 
Luanda tem pouca oferta cultural. Para a semana há o Festival de Jazz. Esta semana decorria a FILDA.
Lisboa tem imensa escolha. O meu dilema de hoje foi escolher qual das salas de cinema é que vou ver Inception. 
Luanda tem imensos jeeps e carros de luxo. 
Lisboa tem carros normais. 
Em Lisboa, a esta hora, ainda somos iluminados pelo sol e dizemos que está de dia.
Em Luanda a esta hora é escuro.... É noite.

iAndYou #07



"porque tal como tu, consegue mexer comigo..."
Porque tu ajudaste-me imenso nestes últimos 30 dias! 
Porque tu ligaste-me sempre. Porque tu lembravas-te de mim. 
Porque não paras de me surpreender. 
E porque hoje é mesmo sábado... :)

Música: Josh Groban - You raise me Up

"They´re just moments. They´re not life…" #06

Verona De Tessant: Burt, are we fuck-ups?
Burt Farlander: No! What do you mean?
Verona De Tessant: I mean, we're 34...
Burt Farlander: I'm 33.
Verona De Tessant: ...and we don't even have this basic stuff figured out.
Burt Farlander: Basic, like how?
Verona De Tessant: Basic, like how to live.
Burt Farlander: We're not fuck-ups.
Verona De Tessant: We have a cardboard window.
Burt Farlander: [Looks at window] We're not fuck-ups.
Verona De Tessant: [Whispers] I think we might be fuck-ups.
Burt Farlander: [Whispers back] We're not fuck-ups.
from the movie: Away we Go
Autor da fotografia:Chema Madoz
Ver mais aqui.
Voltei a Lisboa!
Vou para a Madeira na quinta à noite e regresso na madrugada de quarta!
That's how I live!

As noites em Angola #2.26

E à 26ª noite entro no avião da TAP e deixo este país. 
Sei que regressarei. Mas a estadia nunca será tão prolongada quando esta. Ou talvez esteja enganada e até possa vir por mais tempo. Ou quem sabe, vou contra os pedidos da minha mãe e arranjo-lhe um genro angolano. Quem sabe?
Na semana antes deste regresso a Luanda, voltaram a avisar-me que tenho motorista para levar ao trabalho e levar a casa. E que o faria fora disso era da minha responsabilidade. Também pediram-me para não sair de casa. 
Se contasse a frase acima à minha mãe ela não iria acreditar. A minha mãe sorriria olharia para mim e diria: 
  • quem te disse isso não te conhece, pois não? 
Pelo blog nunca passei essa imagem de insatisfeita, ou já? 
Um blog também serve para darmos a descobrir as coisas aos poucos, não é? 
E nada se faz sozinha! 
Mesmo depois de ter recebido tanta informação negativa sobre Angola, eu quis ver pelos meus próprios olhos. E na companhia do Domingos explorei um pouco de Luanda. Não andei de candongueiro! Fica para a próxima. 

Já está escuro lá fora! Em Luanda anoitece cedo! 
Continuam a dizer que é inverno cá! Eu gosto do tempo assim.
Gosto do funge, gosto da carne seca, gosto da batata doce e da mandioca grelhada. Gosto das sopas. Gosto da cerveja.
Gosto do mar. Gosto da praia. 
Gosto do sorriso das pessoas. Gosto das pessoas.
Dentro de 4 horas estarei a bordo do Vôo TP250 com destino a Lisboa. São 8 horas de vôo. 
A ver se é desta que consigo acabar o 2666. Trouxe 4 livros. Li Pepetela, li Ondjaki e li até o livro sobre motivação e liderança do Mourinho. Ainda dei um avanço no 2666. 
Na bagagem também trouxe roupa! Muita roupa e produtos de higiene. 
Na bagagem levo menos do que trouxe apesar do artesanto que comprei.
Doei todos os meus gel duches / shampoos / condicionadores / body lotions à família do Domingos.
Doei algumas das minhas blusas, t-shirts e tops à mulher do Domingos. Deixo com ele também o livro do Mourinho e do Pepetela. 

Levo a mala mais leve. 
O coração vai cheio!
Dados da foto:
Autor: eu
Data: 10-Julho-2010
Estrada Luanda-Benguela, Angola




"Uma casa está em muitos lugares. É uma coisa que se encontra" 
Ondjaki em os da minha rua



Smile of the Day #07

(Maianga, Luanda)
"I'm in a place where I don't know where I am! " Homer Simpson
D'OH! I'm leaving today.

As noites em Angola #2.25

Última noite completa sob o céu de Angola!
Angola tem pessoas de todos os géneros e feitios.
Há hippies, há roqueiros, há punks, há quadrilhas, há tarraços, há intelectuais, há xenofobos, há brancos, há escuros, há amarelos, há vermelhos, há cowboys, há índios, etc..
Em Angola a estes géneros e feitios chamam-se tribos.

O Domingos é de uma dessas tribos.
Sei que o Domingos já trabalhou como segurança.  

Sei que o Domingos quando tirou carta de condução trabalhou como candongueiro.  
Sei que o Domingos é agora motorista de uma empresa de consultoria em Angola. E ainda bem que essa empresa é a nossa parceira cá, senão nunca o teria conhecido.  
Sei que o Domingos conduz bem. E sabe esquivar-se das estradas de maior afluência.  
Sei que o Domingos tem 28 anos.  
Sei que o Domingos é casado.  
Sei que o Domingos tem 3 filhos.  
Sei que o Domingos fala comigo de tudo, embora digam que ele fala pouco.  
Sei que o Domingos é inteligente. Sei que o Domingos é culto. Sabe história, conhece a cultura de Angola e até fala francês. 
Sei que o Domingos gosta de música angolana.
Sei que o Domingos adora DaWeasel.  
Sei que o Domingos está a construir casa em Luanda Sul. Mostrou-me um pedaço de terreno com blocos quando lá fui.
Sei que o Domingos prefere a N'gola. Ele já bebeu umas cervejas comigo.  
Sei que o Domingos gosta de banana. Ele já comeu banana assada com ginguba comigo na rua. 
Sei que o Domingos confia em mim.  
Sei que o Domingos é meu amigo, pois trabalha aos sábados para que eu possa conhecer a Luanda mais profunda e não queria aceitar o dinheiro para 'gasosa'.


Não sei em que dia nasceu o Domingos. 
Só sei que o Domingos é o meu parceiro no crime em conhecer a verdadeira Luanda. 
Obrigada por tudo. 
Dados da foto:
Autor: eu
Data: 10-Julho-2010
Miradouro da Lua, Luanda, Angola


P.S. - De acordo com ele, eu sou a primeira pula que lhe pede para ir ao roque e andar de candongueiro.



Soltas #07

(Maianga, Luanda)

"'But I don’t want to go among mad people' Alice remarked.
'Oh, you can’t help that,'
said the Cat. 'We’re all mad here. I’m mad. You’re mad.'
'How do you know I’m mad?'
said Alice

'You must be,” said the Cat. 'or you wouldn’t have come here.'
Alice in Wonderland  by  Lewis Carroll

Dados da foto:
Autor: Marcelina (mas já adaptada por mim)
Data: 18-Julho-2010
Praia da Ilha de Luanda, Angola

As noites em Angola #2.24

(Pequenos pormenores sem a mínima importância)
Música  
As letras das músicas angolanas são sui generis. São pequenos diálogos com batida. 
Os DaWeasel são venerados cá. O som deste grupo de Almada é alvo das maiores festas quando passa nas discotecas.  Os Angolanos adaptam toda a música brasileira e portuguesa de maior sucesso ao som da kizomba. As músicas que passam nas discotecas não diferem muito das europeias. Apenas colocam mais kizomba, tarrachinha e dança do melindro. 
Os manuais de procedimentos
Como a grande maioria da classe trabalhadora é semi-analfabeta, as organizações apostam imenso na formação dos seus empregados. Como muitas dessas pessoas estão formatadas a funcionar com base numa causa - evento, já apanhei situações muito engraçadas, como:
  • Eu: Queria uma tosta de queijo!
    Angolano: Não tem de queijo! Só mista!
  • Eu: é um batido, s.f.f.
    Angolana: não tem batido
    Eu: então, pode ser um sumo de laranja natural
    Angolana: não tem sumo, quer batido?
    Eu: ??? 
  • Eu: é uma fahita e um sumo.
    Angolana: ao ver-me mexer nas notas não temos troco para sumo. Só para a fahita.
    Eu: mas, se eu pagar tudo com a nota de 1000kwanzas tem que me arranjar troco. 
    Angolana: não, dê-me a de 500 e vá comprar a gasosa ali ao lado.
Futebol
Angolano gosta de futebol. Cá o campeonato chama-se GiraBola mas, acompanham com rigor tudo o que se passa no país ex-colonizador. É enorme a paixão pelo SLB. :(  Os jogos do mundial eram sagrados. Tão sagrados ao ponto de me avisarem que não devia marcar reuniões para horas de jogo.
  • Angolana: Mas queres marcar a reunião para amanhã a essa hora? Será que alguém estará a trabalhar?
    Eu: Porquê é feriado?
    Angolana: Se marcares reunião vai haver maka. Há jogo do mundial.
Estatuto
Recentemente desci de estatuto! Hoje chamaram-me de mulata! Para os negros passar de branco para mulato é baixar de qualidade. Para mim é indiferente! No tempo do Savimbi, uma época hitleriana mas ao contrário, os perseguidos eram os brancos e os mulatos. A raça que deveria sobreviver era a negra!  A negra, negra! Se tivesse vindo a Angola na época do Savimbi, no inverno teria sido queimada dentro de um pneu e no verão teria sido violada e depois morta. Assisti a uma discussão acesa sobre o estado da nação. Que seria desta Angola se Savimbi não tivesse sido traído? Por cá dizem que foi traído e bem traído. Que seria dos brancos e mulatos de Angola? Angola seria um Ruanda? A luta pelo poder entre os partidos MPLA, Unita e FNLA já foi mais sangrenta.
Beleza
Disseram-me que a mulher angolana bonita é de Benguela. Os homens angolanos são lindos mas são lindos/falsos. Sabem como encantar uma mulher. Mas, 'homens pessoas' com pacote todo já não há. Como dizem as minhas camaradas, a crise também já chegou a Angola. Eu como vim cá em trabalho gosto do que vejo.
A Internet
O acesso é lento. Passo imenso tempo a ler os meus rss. Gestão de tempo é algo que cá ganha uma nova dimensão. Só para terem noção, para conseguir resolver o problema do meu ipod, o download do upgrade do Ipod demorou uma noite inteira. Já consegui pô-lo a dar som apesar de não dar imagem. E depois há aqueles casos engraçados, como quando tento aceder ao site da infopedia, sou reencaminhada para a pluraleditores. Faço pesquisa sobre a palavra e sou imediatamente reencaminhada para a página da infopedia com os resultados.
Telemóveis
O meu telemóvel é desbloqueado de operador. O BB foi o anfitrião do cartão SIM angolano. O meu número pessoal passou para um nokia antigo e o da empresa nem se mexeu. Três telemóveis. Andava com três telemóveis e nenhum deles tinha acesso a dados. A satisfação do vício e da dependência da net era só consumida em casa. Antes de sair de Lisboa carreguei o TMN com 50€ e tenho neste momento 8€ de saldo. Poupadinha, não sou? Não!!! Não sei quanto gastei no telemóvel do trabalho. De certeza que devo ter ultrapassado o plafond. Devo receber uma factura em casa para depois colocar em despesas de projecto as chamadas realizadas dentro da VPN empresarial. O número angolano foi o mais usado, para receber chamadas,  para fazer chamadas para números de cá e para enviar sms. E usei o skype. Sou uma mujimbeira / bilhardeira.

As razões do regresso das enxaquecas 
Além das vacinas que tive que levar para poder cá entrar em Maio, tenho que tomar sempre um comprimido por cada semana que cá estou. O Mephaquin. O Mephaquin é um medicamento usado para o tratamento da Malária causada por patogéneos que são resistentes a outros agentes anti-maláricos, para a prevenção (profilaxia) da malária. A rotina de tomar uma vez por semana para a prevenção da malária deve ser iniciada uma semana antes de entrar na região onde a malária é endémica. Após sair de Angola tenho que tomar o comprimido por mais 4 semanas. O comprimido é uma bomba química. Um dos efeitos secundários é a dor de cabeça. Como eu raramente tenho dores de cabeça e tenho sim enxaquecas, acho que elas voltaram porque nos últimos três meses só estive uma semana sem tomar o Mephaquin. 
A pensão  

Na primeira vez que cá estive tive que sair da pensão e ir para um hotel no meio do nada. Desta vez só tive que mudar duas vezes de quarto. Estive no 25, uma semana depois mudei para o 13, uma semana depois mudei para o 24 até hoje.  As reservas são numa folha excel e não sei, sinceramente não sei se é falha na comunicação ou se são eles que procuram sempre ter novos hóspedes, mas a minha reserva esteve inicialmente só até dia 10, depois até dia 30, depois até dia 20, e depois de eu andar com eles a ensinar mais fórmulas no excel, ficou confirmada até dia 23.  
A Língua
Kimbundu é apenas uma das 4 línguas oficiais de Angola.
Ouço sons que me são conhecidos, ouço adaptações da língua portuguesa com os dialectos tribais. Ouvi uma verdadeira preciosidade: 'oh minha caralhíssima'. 
Com o devido respeito pela autora, quando tudo o que escrevi, até ao tópico anterior, desapareceu, disse palavrões e dei por mim a usar a frase da senhora. Consegui recuperar o post e decidi acrescentar o tópico da Língua. A palavra é chique. E angolana adora-se mostrar (mas este assunto seria outro post).

Porque os sábados são como os Natais! #03


Sou organizada. Gosto da organização! Gosto de gerir o meu tempo. Odeio falta de pontualidade. Gosto de saber exactamente com que contar. Nunca faço uma compra cara sem fazer um estudo prévio com prós-contras. Sou adepta do GTD. E adoro os livros acerca dos 7 hábitos e outros do género.
Mais recentemente li a Arte da Simplicidade e comecei a ser mais tolerante comigo e com os outros. Apesar de ainda me dar nervos ver certas coisas fora de sítio, os livros que não estão por ordem alfabética, os cd's ou até a roupa no vestuário mal organizada.
Mas já estive pior. Houve uma altura em que cheguei a colocar no MS Money os cêntimos que gastava com uma pastilha elástica.  
Gosto de ter ordem nas coisas mais simples da vida. 
Acabo por sofrer de uma desordem que entra em conflito com o meu esprírito de aventureira. Ou talvez não. Talvez seja aventureira e goste de arriscar com o desconhecido porque quero através do caos ter ordem. 
Complicadinha, não sou?

As noites em Angola #2.23

(Aviso: este é um post com referências a muitas marcas de perfumes e a merda) 


"I love reality. I love the world. I love the smell of it. I love it."  Andrea Corr

Sou fiel aos meu perfume (perceberam a mistura do plural com o singular tão característico deste povo?).
Sou sensível a cheiros. E o pior que me aconteceu cá é de uma futilidade tal que sinto-me por vezes envergonhada em contar. Deixei cair o meu D&G. O frasco do meu perfume partiu-se em mil e um pedaços e tive que ir às compras cá! Desembolsei quase 8.000kwanzas por um perfume! Mas, sem perfume 3 semanas é que não ficava! 
Sou um pouco como a Marilyn Monroe, “What do I wear in bed? Why, Chanel No. 5, of course.”  mas com pijama. Mas, isso é outra história. :)  
Não fui ao Belas Shopping! Por favor, não me mandem para centros comerciais num país destes. Tenham dó da tuga que odeia centros comerciais. Andei pelas ruelas de Luanda à procura de perfumaria. E não havia em lado nenhum o meu Light Blue! Sucumbi ao desejo de ter um perfume e acabei por comprar o Very Irrésistible da Givenchy. Durante um dia cheirei apenas a desodorizante da Dove e a Body Lotion de Mango da Body Shop.
Se me perguntarem a que cheira Luanda, respondo imediatamente que cheira a churrasco, a banana, a mar, a barro, a amendoim - ginguba, a pêra abacate,  a mijo, a cerveja, a húmido, ...
Na rua o cheiro que mais sinto é o da banana, da mandioca assada e dos pneus das motos a aventurarem-se! Quando subo ao terraço do prédio onde estou a trabalhar sinto o cheiro a churrasco, de salsichas, de carne de porco, ... de frango assado!
No Roque senti o cheiro a merda! 
Na estrada Luanda-Benguela senti o cheiro a terra húmida! Sabem aquele cheiro da terra quando chove depois de muito tempo sem chover? Eu senti isso! 
No Miradouro da Lua, fechei os olhos e senti o cheiro da Madeira. O cheiro a orquídeas. O cheiro da vinha que nesta altura já começam a dar cachos. O cheiro das ondas quando batem no calhao. O Miradouro da Lua tem os cheiros que mais sinto falta.
Na praia sinto o cheiro dos barcos a passar, do mar quente e calmo, da ginguba, dos perfumes caros dos  brancos e das 'princesas angolanas', do perfume barato dos vendedores. 


Já me questionaram se não sinto o cheiro a catinga no ar! Não sinto. Na rua o vento faz questão de me dar a conhecer e de levar com ele os vários cheiros! Dentro dos edifícios os ares condicionados estão sempre ligados.
A que cheira mesmo Luanda? Não sei. Todos nós temos cheiros diferentes!
No meu quarto cheira a mim. 
Dados da foto:
Autor: eu
Data: 18-Julho-2010
A senhora que vende caju assado na Praia da Ilha de Luanda, Angola


P.S. - Catinga vem do guarani kati, que significa 'cheiro forte'. 




As noites em Angola #2.22

As estradas desta cidade estão em pior estado que as estradas da zona do Bairro das Malvinas há 20 anos atrás. A sério. Já vi buracos enormes no meio da estrada e para tapar a solução foi encher a pequena cratera de entulho e problema resolvido. Há brita espalhada pelas estradas. Os passeios estão cheios de terra, terra mesmo, que dá para plantar umas árvores. No trajecto que faço diariamente desde o final de Junho tenho observado o alargamento de um buraco no passeio. E não vejo obras nas estradas. O máximo que já vi foi colocarem semáforos. Mas, não há respeito pelos mesmos. Para as motos o sinal está sempre verde...mesmo quando o verde é tinto!   
Até ao momento ainda não tive problemas com carros, mas a primeira coisa que me disseram é que se eu, algum dia, atropelar alguém não devo parar, devo dirigir-me imediatamente à polícia e entregar-me. Porque se parar para ajudar a pessoa que atropelei corro o risco de ser chacinada, pois a família da vítima de certeza quererá vingar-se do meu acto.
As deslocações a algum lado demoram eternidades. Falta de planeamento urbanístico. Falta de estradas e de alternativas às existentes. Falta de respeito pelos sinais. Falta de semáforos. Falta de sinais. Polícias que não estão preparados para a confusão que é o trânsito de uma grande cidade. Já vi semáforos a vermelho e vi os polícias lá no meio do cruzamento parados só a ver os carros passar. Parados. Literalmente parados com a sua moto no meio do cruzamento. 
Na estrada Luanda-Benguela ainda se nota vestígios da Guerra Civil. Há tanto pó e terra por todo o lado.  Acho que aqui e dada as condições das estradas deviam apostar nas vias ferroviárias!  
Vi um comboio na Rua da Embaixada dos Estados Unidos! É peça de museu. Dizem que era usado na altura em que Angola era colónia.  Há um outro comboio que faz Viana - Porto de Luanda. Mas, também fui informada de que o comboio não faz mais do que duas viagens por dia.
E o mais interessante é que mesmo com estas 'espécie de estradas', vemos passar por nós imensos carros de luxo. Entre eles, o Panamera.
Dados da foto:
Autor: eu (com o BB)
Data: 17-Julho-2010
perpendicular à Avenida Amílcar Cabral, Luanda, Angola





Musicoterapia: But they sound like a million colours in your mind.



Música: Katie Melua - Spider's Web

As noites em Angola #2.21

Este fim-de-semana foi recheado de boa disposição. Eu fui apelidada de branquinha. Diziam que era ou angolana, ou mulher africana, ou europeia, ou branca.
O jantar foi feito em casa delas e eu não podia mexer uma palha.
Ai.. que estás a fazer? Branquinha não lava louça! Jantar está pronto, branquinha já quer comer? só pomos a mesa quando a branquinha quiser comer.  (tentar ler com sotaque angolano)
No fim da noite, no Dom Q., fui considerada africana por aguentar a noite toda a dançar. fui considerada quase europeia por beber gin tónico como quem bebe água. Porque africano aguenta a festa até o sol aparecer. E europeu bebe muito e não faz cenas como africano.

Hoje iámos à praia pelo meio-dia! Elas não conseguiram despachar-se. Teve que ser a europeia a ir lá a casa acordá-las. :) E uma hora depois, já no carro diziam-me: branquinha boa! No tempo do colono, branca não esperava por negro nem branca conduzia negro. 
Em conversa sobre a minha experiência no Roque disseram-me que tenho sangue africano, para pouco depois, ao mergulhar na praia dizerem que afinal tenho sangue europeu. Elas achavam que a água estava muito fria!
Aqui sou de tudo. Até fotogénica.  
Dados da foto:
Autor: Marcelina (mas já adaptada por mim)
Data: 17-Julho-2010
Praia da Ilha de Luanda, Angola

They say it has no memory #03

(Maianga, Luanda)
“Anyone who says sunshine brings happiness has never danced in the rain”
Já não me lembro de jogar futebol à chuva.

As noites em Angola #2.20

Dia de feira!
Acordei bem disposta! Tirando o dia da enxaqueca, aqui tenho acordado sempre bem disposta. :) Mas, eu também sou pessoa que adora manhãs. Desci as escadas a correr para tomar o pequeno-almoço. Chamo à atenção da Dona Antónia que me diz: Sorriso lindo, onde vais com tanta pressa? Vou ao Roque. Ao que ouço com alguma preocupação: Tu és angolana ou tens sangue angolano! Gargalhada. E na minha mente passou a lembrança de que tenho sangue xavelha!

Avisaram-me para não levar nada que convidasse ao assalto. E assim foi. Calções de ganga, havaianas, uma t-shirt. Telemóvel no bolso esquerdo da frente. Distribuição do dinheiro pelos vários bolsos. Memorizar quanto é que cada bolso tem... e bora lá ao Roque. Eu e o Domingos.  
Se me pedissem para descrever a feira em 5 palavras e 5 apenas, usaria Confusão, Barato, Simpatia, Infernal, Indispensável. Um verdadeiro mundo numa área de um quilómetro de comprimento por 500 metros de largura e que abriga 5 mil vendedores.
Confusão. Andei quase sempre lado a lado com o Domingos. Gente... Muita gente, ou como dizem cá: pessoas, muitas pessoas! Pessoas de todos os géneros e feitios. Eu destoava na cor, não no género e feitio. Houve uma altura em que parecia que queriam me assaltar. Tocaram-me nos bolsos de trás, mas como não sentiram volume, ignoraram-me. Eu meti quase de imediato as mãos nos bolsos de trás e fiz de conta que nada estava a acontecer. Depois de ter feito algumas compras peguei no saco de plástico com os tecidos e fiz mesmo à xavelha, amarrei-o à cintura e continuei a minha exploração. O cheiro da muamba de galinha que saia das panelas ao lume, o cheiro da carne enfiada em pequenos espetos de ferro a assar contrastava com a visão dos montes de sapatos, das bolsas penduradas, da roupa no chão, da organização dos tecidos, da venda de cabelo natural e do salão de beleza ao ar livre, das camas e dos colchões, do colorido dos tupperwares, dos DVDs, CDs, televisões, aparelhagens, telemóveis, cartões SIM, cartões de recarga, os livros escolares, os boletins de jornais clandestinos, o ouro, a prata, a bugiganga. E mais uma vez comida e bebidas, latas e latas de Nido. Só estando lá para ver que no meio da confusão acaba por haver uma ordem natural nas coisas.  
Barato. Luanda é cara. Luanda para estrangeiro é cara. Luanda para quem não quer conhecer a verdadeira Luanda é cara. Na feira comprei tecidos lindos, baratíssimos. Comprei CDs de música angolana a 100kwanzas. Whisky, tabaco, televisões, sofás... tudo a preços acessíveis. Muito acessíveis mesmo.  Há lá de tudo... bem, quase tudo. Fui enganada, pois não vi tanques de guerra nem aviões. Mas, de resto, vi lá de tudo.  [Quando voltar a Lisboa e fôr ao El Corte Inglés vou me queixar! :D ]
Simpatia. Os rapazes tratam-me por madrinha. Já tenho uma data de afilhados cá. As senhoras tratam-me por filha. Na parte das especiarias trataram-me por linda. Na parte dos penteados disseram-me que tinha cabelo de preta e que sou uma branca bonita e mais...que devo ter sangue de africano, porque há algo no meu olhar e no meu sorriso que é desta terra. Eu não sei se sou desta terra, se o meu cabelo é africano, mas que este é um povo simpático, humilde e lutador, lá isso é!
Infernal. Polícias, não vi? Homens armados também não. Não assisti a assaltos, mas vi várias tentativas. Vi correrias com objectos nas mãos. Mas, para mim, as palavras continuam a doer mais que certas acções. Dizem que os da minha raça são racistas. A percepção que tenho é que os de outra raça são-no mais. Passou um grupo por mim que gritava palavras de racismo. E não era só para mim. Era também para os mulatos que estavam ali às compras. Como se a côr fosse critério para alguma coisa. Pensei na Rosa Parks e decidi que estava ali por uma razão e que iria continuar as minhas compras no meio daquele calor humano... E continuam a dizer que está frio.
Indispensável. A verdadeira alma angolana está ali tatuada num chão que é húmido dada a mistura da terra com barro, com água, com gasosa, com lixo. Os postos de venda há no chão, improvisados, com tábuas a improvisar um balcão, com folha de bananeira a fazer de tapete, com caixas de cerveja a servir de banco. Há vendedores a dormir. Estão lá desde as 5 da manhã. Um dos lados começa a fechar pelas 11 da manhã, o dos senagalenses. Dizem que são os que arranjam 'maior problema'. Para ganhar espaço queimam o lixo, ali mesmo ao pé dos candogueiros, ao pé das barracas, ao pé dos carros por lá estacionados. Ali não há só mercado ou a  lei da oferta-procura, há pessoas...eu adoro pessoas, eu sou o que sou por adorar pessoas. Adoro olhar para uma cara triste e sorrir e obter um sorriso de volta. Adoro ver uma cara sorridente. Adoro ver rugas. Adoro encontrar padrões em todos nós. E ali, no mercado do Roque Santeiro vi luta por um mundo melhor, vi sofrimento, vi pobreza, vi amor, vi simpatia, vi sorrisos, recebi beijos, vi força de viver, vi animação, vi tristeza, vi cor e dor!


Curiosidade: A Feira realiza-se de terça a domingo. À segunda-feira fazem limpezas. Chama-se Feira do Roque Santeiro porque na altura da novela brasileira, a feira parava para ver a mesma. Gostaria de ter assistido a um episódio da novela ali.  
Nota de redacção: perco mais tempo à procura de  links para a contextualização do texto do que a escrever o que me vai no coração. A net aqui é tão lenta. :( 

"They´re just moments. They´re not life…" #05

Theodore Faron: I can't really remember when I last had any hope, and I certainly can't remember when anyone else did either. Because really, since women stopped being able to have babies, what's left to hope for? 
from the movie: Children of men

Autor da Foto: Sebastião Salgado

Musicoterapia Angolana: Encosta, Aproveita...

Dançar este tipo de música é um desafio! 
Dançar com um angolano jeitoso é desafiar a mim própria! ;)
Agora vou dormir rápido para acordar daqui a umas horitas e ir ao Roque. 


Música: Mika Mendes - Encosta

As noites em Angola #2.19

Apercebemo-nos de que fomos possuídos por esta cidade:
Quando sentimos a falta do mamão ao pequeno-almoço.
Quando tiramos o telemóvel da mochila e conversamos na rua.
Quando andamos com o telemóvel na mão.
Quando vamos à MultiCaixa, fazemos o levantamento e ignoramos o que nos rodeia.
Quando entramos no sítio do costume e já nem precisamos de pedir pela bica. 
Quando já sabemos que um folhado de carne é denominado por MilanessaFolha. 
Quando sabemos responder à questão: Qual é a gasosa?
Quando já sabemos qual das senhoras da rua tem a melhor banana assada. 
Quando voltamos para casa de saco de plástico na mão e a pinicar a banana assada que está lá dentro. 
Quando usamos qualquer ponto da estrada como passadeira. 
Quando já sabemos distinguir o sabor da Cuca da N'gola.
Quando já gostamos de ginguba com casca!
Quando planeamos ir à Feira do Roque Santeiro para comprar mais uns recuerdos baratos.
Quando percorremos Maianga a pé em busca do melhor prato de sopa. (Leva de tudo! Adoro. Lembra-me a sopa de trigo ou sopa de massa! )
Quando nos perguntam: quando regressas? e apercebemo-nos que é já para a semana.
Dados da foto:
Autor: eu
Data: 10-Julho-2010
Imbudeiro na Estrada Luanda - Benguela, Angola



A perfect sister ?

"A perfect sister I am not, but thankful for the one I've got"
A minha irmã faz hoje 33 anos. 

E se ela acha que a minha afilhada vai ter um segundo nome só porque nasceu na véspera do seu aniversário está muito enganada. Eu estava para nascer no mesmo dia que o Eusébio e como sou do contra, nasci no dia seguinte e o meu pai acabou por mudar de ideias. :) 
Isto tudo para agradecer a minha irmã por me dizer: Tu és maluca! / Tu assenta mas é arraiais! / Não te cansas?
Mas, depois quando ela precisa de alguém ela sabe que pode contar comigo! E quando eu preciso de alguém, sei que posso contar com ela. 
Obrigada!

Smile of the Day #06


As noites em Angola #2.18

Olha-me a pula num bar de pretos! 
O dia começou logo mal!  Acordei com dores de cabeça! Tomei 2 panasorbes que deu para aliviar a dor até às 12h. À hora de almoço não aguentei e vim à pensão descansar um pouco. Ao vir decidi entrar num café que nunca tinha entrado até hoje para comprar água! Era a única branca, o normal, ... mas, houve uns meninos que com cuca na mão decidiram implicar comigo. Ignorei-os. Se com os da minha raça o desprezo funciona porque não há-de funcionar com os de outra? Se é que existe uma coisa chamada raça! Para mim, somos todos iguais!!
Descansei ainda umas duas horas na pensão. Tomei um Migraleve e fiquei toda satisfeita por verificar que a minha check-list de coisas que meto na mala funcionou. Tento ter escuridão no quarto e meti os phones nos ouvidos na tentativa de obter algum silêncio ao som de Sigur Rós. 
Porque silêncio, silêncio puro em Luanda é uma coisa que não existe.  
Uma hora depois estava a vomitar. O que é bom. A enxaqueca estava a passar. Mais tarde regresso ao cliente, ao trabalho... à labuta! Ainda bem que hoje não tive nenhuma reunião. 
Ao final do dia... o MSN pisca quase que ao mesmo tempo que recebo uma sms no telemóvel de Portugal.  Fico feliz da vida. 
A minha sobrinha nasceu. A minha afilhada nasceu. 
A minha 2ª afilhada.  A L. é a primeira.;)
O meu regresso a Portugal é no dia 23 e a viagem à Madeira é dia 29 de Julho à noite! Se antes achava que iria ver um bebé recém-nascido , hoje sei que vou ver a J. já com 15 dias! 
Uma mulher!  :) 
E como me disseram: Sim, Patxi. Uma mulher. Até já vai à poncha contigo.  :)
Dados da foto:
Autor: eu
Data: 03-Julho-2010
Local: Ilha de Luanda, Angola



I'm miles from where you are #02

Em Maio usei esta música no blog depois de falar com a minha cunhada. A gravidez não estava a ser fácil. A primeira não chegou ao fim do 4º mês e esta acabou por não chegar ao 9º mês.
Mas, a J. já cá está no mundo. Numa incubadora no Hospital Dr. Nélio Mendonça, na Madeira. E eu estou feliz.
A minha irmã tem 2 rapazes... mas, uma sobrinha... uma sobrinha é outra coisa!
É que depois de mim e da minha irmã foram 5 irmãos homens e mais 2 sobrinhos homens! É muita testosterona. Muito futebol... sim, são todos benfiquistas. E apesar da sms do meu irmão dizer: "nasceu mais uma benfiquista",  eu tenho esperança que a minha afilhada tenha bom gosto como aqui a madrinha e como a mãe dela.
Estou feliz! 
Música: Snow Patrol - Set The Fire To The Third Bar

Soltas #06

(Maianga, Luanda)
"E dizia-lhe: escuta as minhas palavras com atenção, camarada. Vou explicar-te qual é a terceira perna da mesa humana. Eu vou explicar-te. E depois deixa-me em paz. A vida é procura e oferta, ou oferta e procura, tudo se limita a isso, mas assim não se pode viver. É necessária uma terceira perna para que a mesa não caia nas lixeiras da História, que por sua vez está permanentemente a desmoronar-se nas lixeiras do vazio. Por isso toma nota. A equação é esta: oferta + procura + magia. E o que é a magia? Magia é épica e também sexo, e bruma dionisíaca e jogo."
2666 de Roberto Bolaño

iAndYou #06

One good thing about music, when it hits you, you feel no pain.  
Bob Marley

As noites em Angola #2.17

(Este é um post completamente recheado de futilidades)
O cabelo!
Todo e qualquer shampôo caro ou com o título liso asiático combinado com a água e o vento de cá não funciona na minha cabeça. O cabelo demora eternidades a pentear...de tal maneira que até estou a pensar fazer um penteado típico de cá. A sério! Para dormir tenho que fazer uma trança! Porque se em Lisboa acordo com o dobro do volume do cabelo e na Madeira acordava com o triplo do volume do cabelo…aqui acordo com o quádruplo. A franja que estava a tentar ter… foi-se!! Se antes dava para usar bandeletes e coisas engraçadinhas. Agora, prendo o cabelo e a franja leva com uma ‘tranca’ / presilha...e toca a mostrar a enorme testa que herdei do meu pai. 
O tempo!
Dizem que faz frio… para mim está ideal. Eu sou mesmo mulher de Outono e Primavera. Continuo a levar o casaco do fato para o trabalho mas, não o coloco. Ando a passear os casacos dos fatos e acho que nunca estive num cliente onde usei tanto blusas sem mangas. É um clima húmido
Os homens!
Raios partam os genes africanos…Deus é mulher cá! Cada um! Juro! Raio de homens. Também há mulheres lindas... mas, c'um catano para os homens. É o six-pack., é o sorriso, são os lábios, é o olhar... e madre mia, as pernas!!! E não é ficar menos exigente. como disse um amigo. É saber apreciar a beleza humana! Cada abdominal... upa upa! :)
Banana!
Aqui comem imenso banana. Lembra-me  tanto a Madeira. Aqui meto a banana no meio do paposeco e não me olham de lado. Aqui faço uma sandes com queijo e depois meto a banana e acham normal. E a banana assada é tão boa! Ainda hoje comi uma ao vir do trabalho.
Gelados!
Não encontro gelados em lado nenhum! Vendem-se na rua gelados de gelo e em alguns supermercados encontro os fás. Mas, eu queria e hoje foi um desses dias, queria um perna de pau, ou um rol.
O período!
Avisaram-me que cá o fluxo menstrual é mais denso e prolongado! Eu ri-me e disse: não gozem comigo, o fluxo é igual em todo o lado. Pois!!! Acabei por rir de mim própria. Verdade, verdadinha. 7 dias e  tipo ribeira na altura das chuvas! Terrível! Já não sabia o que era isso. 
As unhas!
Aqui há de tudo na rua, no trânsito! Vende-se de tudo! Mas, é que é mesmo de tudo! Hoje vi um 'balcão' onde se arranjam as unhas! Se ao sair da Pastelaria Nilo há imensos engraxadores de sapatos ao ir para o supermercado Cardoso há umas cadeirinhas onde podemos nos sentar e arranjar as unhas e escolher uma das cores Risqué.



Dados das fotos:
Autor: eu
Data: 10-Julho-2010
Local: Morro das Cruzes, Luanda, Angola