V de Volta

O vôo TP1693 que saiu ontem, sexta-feira 13, de Lisboa não conseguiu aterrar no Aeroporto Internacional da Madeira. 
Pela primeira vez tive a sensação de que o avião não iria conseguir aterrar. Senti isso mal o avião fez a curva em Santa Cruz. A famosa curva que ainda proporcionou-me a vista desagradável de um grande incêndio. 
O avião que fez a viagem é um A321 de nome Pêro Vaz de Caminha. Fez a aproximação à pista como se de um comboio pendular se tratasse. O piloto acelerava desnecessariamente. O nariz do avião, acho que ainda se fez à pista, mas o trem de aterragem nunca lá tocaria. Não do meu ponto de vista.
Não sou nenhuma expert. Não tenho medo e até, chamem-me masoquista, adorei a adrenalina do perigo, mas tenho quase a certeza que a culpa foi do piloto. Acho que enervou-se e até deixou-se influenciar por umas passageiras que à mínima turbulência gritaram. 
Eu gostei da adrenalina. Mantive-me a olhar pela janela e a apreciar o momento. A rapariga que ia ao meu lado perguntou-me como é que eu podia estar tão calma e a sorrir. Respondi-lhe que não tenho os medos que muita gente tem e que são situações como esta que nos fazem dar mais valor à vida e a pequenos momentos. Que a vida escorre entre as nossas mãos e que num instante ela é capaz de desaparecer. 
Eu ia para a Madeira com intenções de viver o momento. Viver o momento mesmo que signifique viver no perigo e fazer planos para o dia seguinte que poderão não se concretizar. E como é complicado viver o momento! 


Os planos mantêm-se! 
Vou tentar ir no vôo das 7h20m da manhã. Se mais uma vez o avião borregar - palavra nova que aprendi - não irei despedir-me dos que mais gosto antes de voltar a Angola. Talvez não esteja escrito ou talvez as nossas acções para estarmos perto de quem queremos estejam a ser monitorizadas e controladas por alguém superior que nos separa. 

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