Soltas #12

(Maianga, Luanda) 
"Aquilo a que chamamos destino é em grande parte decidido pelos nossos antepassados, não pelas estrelas. Quando falamos sobre a história antiga aqui, nós referimo-nos sempre ao destino; mas não nos queremos referir de facto ao incontrolável. É claro que há eventos que parecem acontecer vindos do nada e que mudam o curso das nossas vidas, mas o que realmente determina aquilo que nos acontece são as acções daqueles que estão à nossa volta e daqueles que vieram antes de nós."
A Ilha de Victoria Hislop

Silence is golden #03

(Maianga, Luanda)

As noites em Angola #3.03


Obter visto para vir a Angola não é fácil. A quantidade de papéis necessários, o escrever com a caneta preta e sempre com a mesma caneta porque eles percebem quando a caneta é diferente entre papéis. As fotos de cada vez que preencho um pedido, o extracto bancário de modo a comprovar que temos meios de subsistência, a informação da estadia, o ter já bilhete de avião emitido, .... é muita burocracia junta! Para obter visto de curta, até sete dias, nunca tive problemas.  Para obter o visto ordinário, o de 30 dias, já é mais complicado, e isso vê-se nesta minha estadia de uma semana quando era para ficar novamente um mês.

Ontem adormeci a pensar que teria que entregar o pedido de prorrogação do visto até terça-feira. E a minha preocupação não foi a roupa que veio contada para cinco dias mas que não ia ter livros, séries e filmes para o fim-de-semana. 
A preocupação passou quando hoje de manhã li no Jornal de Angola sobre a Feira Internacional da Música e da Literatura. Vi ali a minha hipótese de comprar literatura e música africana a preços baratos.
Quando me informaram que já não preciso de ficar até terça fui invadida por um misto de tristeza e alegria. 
Alegria porque vou embora sexta-feira e no sábado estarei em Portugal para a despedida de solteira de uma grande amiga que conheci graças a um suspeito do costume.
Tristeza porque já não vou poder visitar a Feira da Música e da Literatura e voltar à Feira de Artesanato de Benfica.

Hoje adormeço a ver o último episódio de Sherlock ou quem sabe se não consigo acabar o livro "A ilha", depende se consigo despachar o que ainda tenho para fazer a tempo útil. 

E se tudo correr bem, desta vez, com o próximo visto, volto na noite de 12 para 13 de Setembro por mais três semanas e aí terei tempo de voltar às feiras que tanto gosto e poder comprar mais quadros, tecidos e estátuas, que fizeram um sucesso entre amig@s e família. 

Sem fotografia.  
Hoje nem almocei de tanto trabalho!

Porque os sábados são como os Natais #08

(Maianga, Luanda)
Tinha a mania que podia mudar o mundo com discursos.
Até perceber que só preciso de agir para mudar o meu.
Antes era mais sonhadora. Hoje sou uma concretizadora. :)

As noites em Angola #3.02

(Este é um post completamente recheado de futilidades)
Em Maio quando cá vim a primeira vez o meu corpo estava na fase final do período menstrual, uma fase que devia ter durado um dia e durou dois. Estranhei, mas nada de mais. Comentei com algumas pessoas e avisaram-me que cá é normal o período durar mais.
Dois dias depois de ter aterrado em Angola em Junho, o período chegou e durou sete dias. Chegou uma semana mais cedo.  Até comentei isso nesta casa.
No início de Agosto chegou a tempo e horas e durou 3 dias entre Madeira e Lisboa.
Regressei a Angola ontem e o período aparece hoje. Uma semana antes e com aquela força que mete medo. 
Em África sofro de um descontrolo hormonal total.
Eu que sempre fui regular e que ao longo dos anos ainda mais regular fiquei, ao ponto de saber que o período chega à hora tal do dia tal... estou completamente desregulada cá.
Existe explicação médica para tal?
É que começo a ficar preocupada pois devo regressar a 12 de Setembro para mais 3 semanas de trabalho. Depende também se conseguir o visto ordinário. Mas, isso é outro post.
Dados da foto:
Autor: eu com o BB.
Data: 24-Agosto-2010
Vista da Avenida de Portugal, Luanda, Angola
Com o BNA lá em baixo :)

Nota de redacção: Hoje quando fiz a caminhada do almoço pensei em fazer um post sobre o facto de ver poucas crianças com os pais nas ruas de Luanda... fica para a um dia destes.



As noites em Angola #3.01

(Maianga, Luanda)
Saí daqui na noite de 23 de Julho!
Regressei hoje.
Em trinta dias o que poderia mudar?
Nada? Errado!
No serviço de Migração e Estrangeiros estive duas horas para poder entrar no país. A fila era enorme e os polícias ou guardas ou seguranças, sei lá como se chamam às pessoas que usam farda no controlo alfandegário, andavam a solicitar as impressões digitais aos indivíduos que como eu passaram oito horas dentro de um avião e ainda têm que estar duas horas numa fila de controlo alfandegário. 
Ainda não comentei cá como é feito o controlo cá, pois não? é um processo burocrático e irritante!
  • Da primeira vez que cá vim tive que preencher um papel para o ministério da saúde onde tinha que informá-los dos países que tinha visitado nos últimos 15 dias, se tinha febre, se tinha sintoma de gripe e se sim, assinalar quais eram esses sintomas (tosse, rouquidão, dificuldade respiratória, dor de cabeça, dores articulares, diarreia, vómitos, etc...). Depois foi a espera da praxe, a entrega do passaporte e desse papel, a fotografia e o carimbo de entrada. A segunda etapa é mostrar o passaporte com o carimbo a outro senhor de farda. A terceira etapa é mostrar o certificado internacional de vacinação ou profilaxia.
  • Da segunda vez, o papel deixou de ser necessário e já nem havia para preenchimento. A espera da praxe, a entrega do passaporte, a fotografia e o carimbo de entrada foi um processo rápido. A etapa de mostrar o passaporte com o carimbo a outro senhor de farda gerou complicações. Um mês causa curiosidade e fui questionada sobre onde ia ficar, que vinha fazer, com quem vinha trabalhar, quais os meus contactos cá e até se já tinha bilhete de regresso a Portugal. Foi um longo questionário e cheguei a pensar que iriam mandar-me de volta para Portugal. Mas não, e acabei por mostrar o certificado internacional de vacinação ou profilaxia ao senhor que suponho seja um enfermeiro. 
  • Desta vez, continuamos sem papel mas com uma longa fila de espera... mas, longa mesmo. A espera da praxe durou quase duas horas, a entrega do passaporte, a fotografia que desta vez parece que ficou mal e eu até fiz piada ao ponto do senhor de farda ao tirar nova fotografia ter pedido: vá lá sorria que não é nada feia... e finalmente o carimbo de entrada. A etapa seguinte foi pacífica, e mostrei o passaporte com o carimbo a outro senhor de farda. E na etapa final quando mostrei o certificado internacional de vacinação ou profilaxia fui questionada sobre porque razão estava a coçar-me! E eu disse-lhe: no sábado estive em Alcochete, na margem sul de Lisboa e vi mais mosquitos lá numa noite do que um mês em Angola. O senhor sorriu e disse: Boa estadia!
Nota de redacção: Não trouxe máquina e nem tirei foto ao dia de hoje com o BlackBerry. 

P.S. - O Avião era um A340 de nome Francisco d'Almeida e com a matrícula CS-TOD.  
Nota para mim: Isto de a maioria dos amigos serem geeks tem que se lhe diga. Preciso de arranjar mais amigas gajAs... para falarmos do senhor da farda que era giro, ou do top que trouxe que não dava com nada mas que era super confortável para a viagem...;)



Musicoterapia: Isso se come em Angola

(Maianga, Luanda)
Aquela música que acaba por ser um resumo resumido da nossa alimentação cá. :)

Música: Duo Ouro Negro - Muamba, Banana e Cola

de viagens e outros assuntos #02

(Lisboa) 
Ao almoço com a T, no meio da conversa, surge a million dollar question
- Aceitarias mudar-te para lá? 
Dei por mim a responder sem pestanejar a palavra SIM. 

Fica mais complicado ir à Madeira, pois fica. 
Mas, se falarmos de pessoas, o que me prende cá em Portugal Continental é um pouco menos do que o que me prende na Madeira. 
E, se falarmos de satisfação profissional o que me prende cá é muito mais do que o que me prende na Madeira. E se eu em Angola consigo sentir-me realizada profissionalmente, porque não mudar de casa?  ;)
Tirei o curso e trabalhei em Coimbra. Nos últimos cinco anos trabalho em Lisboa apesar de já ter estado num projecto no Porto durante um ano, nesse ano só vinha a Lisboa aos fins-de-semana. Agora tenho Angola.  A minha constante é a ilha.

de viagens e outros assuntos #01

(Lisboa)
Check-in online feito! 
Ao almoço vou ter com a T. para receber uns livros para uma biblioteca de Luanda. 
Levo roupa para dar. 
Engraçado como a minha prioridade ao fazer a mala mudou. Há dois meses atrás preocupei-me com a roupa do trabalho, a da noite, a de fim-de-semana, yada yada. Nestes últimos dias preocupei-me com a qualidade da selecção de roupas que fiz aqui e na Madeira para levar e doar lá. Desta vez não tive tempo para fazer recolha de roupa para nenhum orfanato. Esse será o objectivo da próxima ida. 
A mala está quase pronta. É só uma semana!  Regresso já na noite de sexta para sábado.

Muitos itens que antes considerava-os indispensáveis hoje considero-os fúteis e já não têm espaço na minha mala. 
O fim-de-semana passado quando fui à Madeira só levei a roupa do corpo, a escova de dentes, o desodorizante e o creme facial. Não levei alternativas a nível de roupa, disse a mim mesma que tinha que optar apenas entre os trapitos das 3 gavetas ocupadas por mim na casa dos meus pais.  E não andei nua nem mal vestida. :)

They say it has no memory #08

(Lisboa e fazendo a mala para passar a semana em Luanda)

Prime Minister: Whenever I get gloomy with the state of the world, I think about the arrivals gate at Heathrow Airport. General opinion's starting to make out that we live in a world of hatred and greed, but I don't see that. It seems to me that love is everywhere. Often, it's not particularly dignified or newsworthy, but it's always there - fathers and sons, mothers and daughters, husbands and wives, boyfriends, girlfriends, old friends. When the planes hit the Twin Towers, as far as I know, none of the phone calls from the people on board were messages of hate or revenge - they were all messages of love. If you look for it, I've got a sneaking suspicion... love actually is all around.  
from movie: Love Actually

Já não sei o que é chegar ao destino e ter aquele abraço.

IT crowd

(Lisboa) 
Jantar não com os suspeitos do costume mas com suspeitos que podem se tornar usuais. Bowling. Dois strikes. 63 pontos no total. Não estou em forma. Temos que repetir. :) 

"They´re just moments. They´re not life…" #10

(Lisboa)
Quando era mais nova o dia de hoje era o dia da cidade
Quando era ainda mais nova o dia de hoje significava uma ida à praia com o meu pai enquanto a minha mãe ficava a trabalhar.
memórias da patxocas
Autor da fotografia: Paulo Camacho
Ver mais aqui.

Divagações #03

(Lisboa)

Às vezes acho que falo demais. Que não devia dizer o que penso, que não devo sequer realçar o que sinto. Essa sensacção aconteceu-me minutos antes de ver esta imagem.

Smile of the day #11

(Lisboa)

Filme: Letters to Juliet

(Lisboa)
Em Angola mal vi TV e não fui ao cinema. Antes de lá voltar, mesmo que seja só por uma semana e tendo em conta o facto de estarmos na silly season e eu ainda nem ter lido um chick lit e nem visto um filme semelhante, decidi ir hoje ao cinema. Saio a correr do ginásio onde tive aula de kickboxing e meto-me na sala onde só vejo casais da idade dos meus pais e até mais velhos.  
O filme é leve e até cómico e deu-me umas saudades enormes de Itália. 



Charlie: I would have grabbed her from that blasted balcony and been done with it. 

Existem seres que estão destinados a estar juntos? Existe aquela alma gémea de que tanto falam? Existe a cara metade que tanto andamos à procura? Existe a complementaridade? Duas pessoas que se completam apesar das divergências. Duas pessoas que com educações diferentes e com gostos diferentes se identificam uma com a outra. A sensação de que se conhecem toda a vida depois de apenas umas horas de conversa. A vontade de querer estar com essa pessoa todos os segundos, ... minutos da existência de ambas. A vontade de fazer de tudo só para conseguirmos estar um par de horas com outra pessoa. 
E ... o rirem do mesmo! ... o ficarem tristes em conjunto! ... a preocupação com o outro! ... as bocas sobre o saber ouvir e o saber o que querer! ... a partilha de informação! ... os discursos sobre os passatempos! ... a espontaneidade do primeiro beijo! ... o receio do dia seguinte! ... o medo de partilhar a vida com alguém que nos faz verdadeiramente feliz!
Isso tudo é o que faz uma história de amor. 
E eu já tinha saudades de ver uma história destas no cinema. :)

Soltas #11

(Lisboa)
"As fotografias enganam o tempo suspendendo-o num pedaço de papel onde a alma não cabe"
Eva Luna de Isabel Allende
Dados da foto:
Autor:eu.
Data: 18-Agosto-2005
Funchal, Madeira (a única vez que andei de teleférico)

When expectations aligns with reality #02

Três aviões: dois A321 e um A319.
Duas aterragens na Madeira. Uma falhada pelo vôo TP1693. Uma realizada com sucesso pelo vôo TP1609
Duas aterragens em Lisboa. Após não ter conseguido aterrar, o vôo TP1693 regressou à origem. O TP1602 às 07h30m da manhã de segunda-feira.
Uma dormida não planeada em casa de Lisboa na noite de sexta para sábado.
Dois almoços. Um a dois e outro com quase trinta pessoas.
Um café com a I. no Estreito. 
Outro café acompanhado com uma água com gás com dois amigos na zona do Lagar.
Um jantar em casa de um irmão da S..
Mil e uma palavras trocadas com a D.
Um algodão doce partilhado com os sobrinhos.
Um colinho dado à sobrinha
Três irmãos a jogar à bisca contra o pai, o irmão mais novo e uma cunhada.
5,3% vol de álcool por cada Coral, que perdi a conta, e que bebi com os manos a jogar à bisca.
Os seis pontos que fiz na sueca italiana depois do meu pai ir para a cama.
Dois bolos do caco com os manos quando eram já quase três da manhã. 
Um mergulho no mar pelas 11 da manhã de domingo.
Dois copos de champanhe pelo pai da S.
Duas ponchas com a S. e a O. 
Três copos de vinho tratado com a M., a O. e a S.
360 graus de discursos com a mãe.
O 1-2 do clube do meu pai perante o meu clube de coração! 
Uma travagem brusca com o carro, que ia a 100km/h na estrada regional só porque eu queria chegar ao destino às 23h em ponto. 
Uma nikita sem álcool ao som das badaladas das 00h00 de domingo para segunda!
Apaguei a luz do meu quarto pelas duas da manhã.
Estava às 05h00 no aeroporto.
E foi assim o meu fim-de-semana...em números.


Dados da foto:
Autor: eu
Data: 16-Agosto-2010
Aeroporto Internacional da Madeira

Porque os sábados são como os Natais #07

(Lisboa)
Já desejei a morte de alguém!
Já desejei que todo o mal do mundo acontecesse a alguém!
Desejo que esse alguém esteja muito feliz!

Consequências de viajar para Angola #01

(Lisboa)
O Mephaquin está a dar cabo de mim! 
Hoje tomei aquele que seria o último comprimido referente à viagem passada e o primeiro da próxima.
Uma hora depois, estava a vomitar! Depois das famosas enxaquecas, nas últimas semanas só sentia dores musculares, mas hoje foi horrível. O meu estomágo, as dores de cabeça, os vómitos e as dores musculares fizeram com que fosse às urgências. E que me diz o médico? Que tenho sorte em não ter alucinações e vertigens! Frak. 
Irei ter todos os efeitos secundários que o medicamento pode causar?
Este medicamento está a estragar o meu organismo e a minha energia.