No passado dia 19 de Junho, assisti ao espectáculo Humor Livre, no âmbito da iniciativa chamada Fados e Tudo (incluída no programa das Festas de Lisboa).
Com uma primeira parte em que Ricardo Araújo Pereira e Carlos Vaz Marques dão ao público uma boa palestra sobre o lado humorístico do Fado e sobre o facto de aplaudirmos em êxtase canções como Paizinho (ouvir) - em que o filho pede ao Pai para não bater mais na mãe, Camané, na segunda parte do espectáculo, deu um concerto em que todas as músicas tinham o seu q.b. de satíra, de humor e traição. Todos aplaudiram, todos - ou quase todos - louvaram de pé.
Ora, músicas com letras sobre violência doméstica e infantil, ou traição são geralmente as mais apreciadas por todos nós, mesmo quando alguns não entendem o que ouvem.
Um exemplo desses é a música da Márcia - A Pele que Há em Mim (ouvir). Esta música já fez com que tivesse uma discussão enorme com a minha melhor amiga, pois ela queria usar uma música nas aulas dela de Terapia da Arte que falasse de violência e achava que os meus conselhos musicais eram demasiado bonitos e foi aí que soube que a música, A Pele que Há em Mim, é muito usada por casais recém-casados, como apoio à sua primeira dança.
Caiu-me tudo. Pois este é só um exemplo.
No passado domingo ouvi também no EDP Cool Jazz Fest, Luka de Suzanne Vega (ouvir), cuja letra é um grito silencioso de pedido de ajuda. Ora, esta música, - a que mais odeio dela - foi a mais aplaudida... e eu fico a pensar sobre o que é que nos leva a gostar de uma música?
Atenção, não estou a dizer que as músicas são horríveis, pelo contrário, a música é linda. Os arranjos musicais, os acordes, ... agora a letra, a letra essa é triste, é escura, é melancólica e da minha parte não leva aplausos.
Aprendi a ouvir fado em Coimbra, em Coimbra o Fado não se aplaude. O Fado é triste.
Tudo o que é triste deixo de lado, tudo o que me faz mal não consumo. E tal como faço com a comida, posso dar-me ao luxo de não ouvir letras que me entristecem.
Tudo o que é triste deixo de lado, tudo o que me faz mal não consumo. E tal como faço com a comida, posso dar-me ao luxo de não ouvir letras que me entristecem.
Nota:
Post inspirado na crítica ao Concerto de domingo, que li no site Horários Festivais, e concordei com tudo o que lá estava escrito.
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