" Nem tudo o que faço pode estar errado
quando transborda de mim o ritmo certo.
Por entre o tempo incolor averbado
sinto-o à distância sempre mais perto.
Podia ser apenas uma palavra aflitiva
o grito dado junto à montanha
- algures o despertar da sombra cativa
no lado negro da lua estranha.
Contra o mal nasce o cimento
como serpentes caçando os insectos.
Detesto os poemas circunspectos.
Então encho-os de água e de vento.
É assim que construo as casas
o empedrado dos meus pensamentos.
Derramo-os em finos segmentos
queimando o papel como brasas."
- José António Gonçalves (poeta madeirense)
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