"A palavra não chega a ser murmúrio
Mastigo-a na sombra a intervalos breves:
é um dizer silencioso
um tempo sem rosto
uma ausência presente em cada gesto.
A palavra viaja no meu corpo
prendo-a na franja dos olhos
corrompe a limpidez da distância
na precisão incolor dos dias.
É cardo, gume, alfazema e jasmim.
Persigo-a neste gesto de quem quer.
A palavra é este olhar de tudo cheio
este cheiro de noite
este acaso de nada
adágio sufocado em catedral vazia
vôo raso de pássaro vadio.
A palavra tem rosto de mulher
olhar de noiva eternamente virgem
é a pele que me veste cada dia
e que me despe à noite devagar.
Faço-a minha na ternura calada
de quem desfolha rosas no outono.
Caladas nos dizemos:
amantes confessados"
Mastigo-a na sombra a intervalos breves:
é um dizer silencioso
um tempo sem rosto
uma ausência presente em cada gesto.
A palavra viaja no meu corpo
prendo-a na franja dos olhos
corrompe a limpidez da distância
na precisão incolor dos dias.
É cardo, gume, alfazema e jasmim.
Persigo-a neste gesto de quem quer.
A palavra é este olhar de tudo cheio
este cheiro de noite
este acaso de nada
adágio sufocado em catedral vazia
vôo raso de pássaro vadio.
A palavra tem rosto de mulher
olhar de noiva eternamente virgem
é a pele que me veste cada dia
e que me despe à noite devagar.
Faço-a minha na ternura calada
de quem desfolha rosas no outono.
Caladas nos dizemos:
amantes confessados"
Maria Aurora Carvalho Homem
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