Nunca a derrota de outros soube tão bem... :)
2013#268
“Não faças versos sobre acontecimentos.
Não há criação nem morte perante a poesia.
Diante dela, a vida é um sol estático,
não aquece nem ilumina.
As afinidades, os aniversários, os incidentes pessoais não contam.
Não faças poesia com o corpo, (...)"
- Carlos Drummond
2013#266
"(...) Nós não somos apenas feitos da mesma matéria de que são feitos os sonhos. Também somos o mistério que os sonhos são. "
-pág. 102 de Tudo É E Não É de Manuel Alegre
P.S. - Foto tirada nas traseiras do Hospital Júlio de Matos, um mural que vale a pena visitar.
2013#264
"Life should not be a journey to the grave with the intention of arriving safely in a pretty and well preserved body, but rather to skid in broadside, in a cloud of smoke, thoroughly used up, totally worn out, and loudly proclaiming, Wow! What a Ride!"
- Hunter S. Thompson
2013#263
"Alguém salta na noite por cima das pedras brancas. Não sei que pedras são, são pedras brancas, brancas, brancas. Alguém salta por cima delas ao meu encontro, não sei quem seja, sei que alguém salta na noite por cima das pedras brancas. "
- pág. 77 de Tudo É E Não É, de Manuel Alegre
2013#262
"Highly sensitive people also process information about their environments - both physical and emotional -unusually deeply. They tend to notice subtleties that others miss - another person's shift in mood, say, or a lightbulb burning a touch too brightly.”
― Susan Cain in Quiet: The Power of Introverts in a World That Can't Stop Talking
Do amor e outros demónios #18
Hoje perdi a minha madrinha de baptismo, avó materna, mãe da minha mãe, avó do meu irmão.
A última vez que estive com ela, dei-lhe comida na boca e chorei. Perguntei mentalmente a quem me quisesse ouvir "porquê é que a morte não estava a seguir a ordem natural das coisas", e porquê é que a minha mãe tinha ido antes dela, ... porquê é que o meu irmão foi antes delas...
Hoje perdi a minha avó. E não consigo chorar por ela.
Peço desculpa, avó, nos últimos tempos não conseguia pensar em ti sem ser invadida por sentimentos de raiva...por estares viva e a minha mãe morta.
Mas não o sou.
Ficam as memórias e a frase que me acompanhará para sempre dita por ela: "O teu avô gostava muito de ti".
Imagem retirada daqui. |
2013#257
"Experimento então esta liberdade nova: Que desejas tu saber se é verdadeiro e que modo de verdade interessa à tua interior coisa verdadeira? — O amor, respondi eu, o amor. Desejo saber a verdade do amor, respondi eu, segundo a verdade do amor.Não está mal, pensei bem dentro de mim, enquanto andava de um lado para o outro dos dias, não está mal para começar."
do poema Exercício Corporal III de Herberto Hélder
2013#252
“Andar a pé por uma cidade antiquíssima, como Lisboa, é meio-caminho andado para se sentir uma tristeza profunda pela efemeridade do nosso próprio mundo: onde estão os nossos sítios, os nossos mortos, esses pontos de contacto entre o nosso coração e o território? Como continuar a caminhar, quando grande parte do que amámos já se foi embora? “
- David Soares
Livro: O Tempo Entre Costuras
Sinopse
«O Tempo entre Costuras» é a história de Sira Quiroga, uma jovem modista empurrada pelo destino para um arriscado compromisso; sem aviso, os pespontos e alinhavos do seu ofício convertem-se na fachada para missões obscuras que a enleiam num mundo de glamour e paixões, riqueza e miséria mas também de vitórias e derrotas, de conspirações históricas e políticas, de espias.
Um romance de ritmo imparável, costurado de encontros e desencontros, que nos transporta, em descrições fiéis, pelos cenários de uma Madrid pró-Alemanha, dos enclaves de Tânger e Tetuán e de uma Lisboa cosmopolita repleta de oportunistas e refugiados sem rumo.
«O Tempo entre Costuras» é a história de Sira Quiroga, uma jovem modista empurrada pelo destino para um arriscado compromisso; sem aviso, os pespontos e alinhavos do seu ofício convertem-se na fachada para missões obscuras que a enleiam num mundo de glamour e paixões, riqueza e miséria mas também de vitórias e derrotas, de conspirações históricas e políticas, de espias.
Um romance de ritmo imparável, costurado de encontros e desencontros, que nos transporta, em descrições fiéis, pelos cenários de uma Madrid pró-Alemanha, dos enclaves de Tânger e Tetuán e de uma Lisboa cosmopolita repleta de oportunistas e refugiados sem rumo.
Minha Opinião
A fluidez com que li este livro surpreendeu-me. O mérito vai todo para a escritora que o escreveu magnificamente relatando a Grande Depressão em Madrid, a Guerra Civil Espanhola a partir de Tetuán - a cidade capital do Protectorado Espanhol de Marrocos - regressando novamente a Madrid para viver a II Guerra Mundial.
Sira relata a sua história de vida deixando-nos com um fim suspenso, tal como gosto.
Sira é filha de uma modista mãe solteira e com ela aprende a alinhavar. Quer o destino, ou direi uma paixão, que vá parar a Marrocos onde sofre a grande desilusão da sua vida.
Com uma mão para transformar trapos em pequenas obras de arte - tive que andar a pesquisar para descobrir o que era um vestido Delfos de Mariano Fortuny - Sira consegue reconstruir a sua vida fazendo o que mais gosta, costurar.
O seu atelier é frequentado pelas mulheres dos Generais, Tenentes, Altos Comissários alemães, espanhóis, ingleses, e é de lá que podem sair todas as informações sociais, políticas.
Com a sua capacidade em atrair clientela, Sira acaba por chamar a atenção dos Serviços Ingleses... e...
Apesar de ter 600 páginas, o livro lê-se num instante.
Ao pesquisar sobre outras referências de moda que o livro menciona descobri que a Antena3 Espanhola produziu uma série sobre o livro. Mal posso esperar para ver.
O Tempo Entre Costuras by María DueñasA fluidez com que li este livro surpreendeu-me. O mérito vai todo para a escritora que o escreveu magnificamente relatando a Grande Depressão em Madrid, a Guerra Civil Espanhola a partir de Tetuán - a cidade capital do Protectorado Espanhol de Marrocos - regressando novamente a Madrid para viver a II Guerra Mundial.
Sira relata a sua história de vida deixando-nos com um fim suspenso, tal como gosto.
Sira é filha de uma modista mãe solteira e com ela aprende a alinhavar. Quer o destino, ou direi uma paixão, que vá parar a Marrocos onde sofre a grande desilusão da sua vida.
Com uma mão para transformar trapos em pequenas obras de arte - tive que andar a pesquisar para descobrir o que era um vestido Delfos de Mariano Fortuny - Sira consegue reconstruir a sua vida fazendo o que mais gosta, costurar.
O seu atelier é frequentado pelas mulheres dos Generais, Tenentes, Altos Comissários alemães, espanhóis, ingleses, e é de lá que podem sair todas as informações sociais, políticas.
Com a sua capacidade em atrair clientela, Sira acaba por chamar a atenção dos Serviços Ingleses... e...
Apesar de ter 600 páginas, o livro lê-se num instante.
Ao pesquisar sobre outras referências de moda que o livro menciona descobri que a Antena3 Espanhola produziu uma série sobre o livro. Mal posso esperar para ver.
My rating: 5 of 5 stars
Livro: A Mulher do Legionário
Sinopse
Fernanda, filha de Eduardo Lobo, um advogado oposicionista suspeito de ter à sua guarda documentos secretos que incriminariam alguns dos membros mais importantes do regime de Salazar durante a Segunda Guerra Mundial, envolve-se com Augusto Torres, um jovem e ambicioso membro da Legião Portuguesa, que recebeu a missão de descobrir tais documentos.
Eduardo Lobo aparentemente suicida-se, o legionário casa com Fernanda e os comprometedores papéis não aparecem. Ficarão a pairar ao longo dos anos como uma ameaça sobre vários interesses e ambições.
Fernanda revela-se uma mulher fora das leis da sua época e Augusto um homem capaz de tudo para ascender aos mais altos cargos do regime.
Após o casamento, os indícios que foram chegando a Fernanda Torres fizeram com que não conseguisse pensar no marido sem ser como o assassino do seu pai.
A partir daí, mais do que procurar a verdade, Fernanda quer fazer justiça para lá do tempo, causar-lhe todo o mal possível, vingar-se.
Fernanda, filha de Eduardo Lobo, um advogado oposicionista suspeito de ter à sua guarda documentos secretos que incriminariam alguns dos membros mais importantes do regime de Salazar durante a Segunda Guerra Mundial, envolve-se com Augusto Torres, um jovem e ambicioso membro da Legião Portuguesa, que recebeu a missão de descobrir tais documentos.
Eduardo Lobo aparentemente suicida-se, o legionário casa com Fernanda e os comprometedores papéis não aparecem. Ficarão a pairar ao longo dos anos como uma ameaça sobre vários interesses e ambições.
Fernanda revela-se uma mulher fora das leis da sua época e Augusto um homem capaz de tudo para ascender aos mais altos cargos do regime.
Após o casamento, os indícios que foram chegando a Fernanda Torres fizeram com que não conseguisse pensar no marido sem ser como o assassino do seu pai.
A partir daí, mais do que procurar a verdade, Fernanda quer fazer justiça para lá do tempo, causar-lhe todo o mal possível, vingar-se.
Minha Opinião
Impressionante a viagem histórica que fiz ao ler este livro.
Desde a Conferência de Berlim no fim do século XIX, passando pelo relato da morte dos Bragança, os acontecimentos da I Guerra Mundial, a 'neutralidade' de Portugal na II Guerra Mundial, a Guerra Colonial, o salazarismo, as jogadas políticas, o relacionamento com a Inglaterra, a religião, o sexo, a crença da sociedade portuguesa nos últimos cem anos.
Fernanda relata a vida dos seus progenitores e do seu descendente à irmã São José, freira que tem como tarefa ajudar Fernanda a recolher documentação sobre a sua vivência.
Fernanda conta o divórcio do pai de uma inglesa que mais tarde viria a ser a amiga lésbica de António Ferro (nos anos do salazarismo), menciona a taróloga que lia o destino a Salazar e que originava discussões entre este e o amigo Cerejeira, relata a guerra colonial como a pior de todos os tempos e do problema existencial dos mulatos - netos de avós que deserdaram os filhos por darem um neto de outra cor - fala de amantes, inimigos, do sonho no enriquecimento fácil nos casinos de Macau, da morte do pai que a persegue e que a obrigou a casar com o legionário que supostamente o matou.
Relatos fantásticos da nossa história portuguesa. Impossível o leitor não se identificar com determinadas épocas.
A Mulher do Legionário by Carlos Vale FerrazImpressionante a viagem histórica que fiz ao ler este livro.
Desde a Conferência de Berlim no fim do século XIX, passando pelo relato da morte dos Bragança, os acontecimentos da I Guerra Mundial, a 'neutralidade' de Portugal na II Guerra Mundial, a Guerra Colonial, o salazarismo, as jogadas políticas, o relacionamento com a Inglaterra, a religião, o sexo, a crença da sociedade portuguesa nos últimos cem anos.
Fernanda relata a vida dos seus progenitores e do seu descendente à irmã São José, freira que tem como tarefa ajudar Fernanda a recolher documentação sobre a sua vivência.
Fernanda conta o divórcio do pai de uma inglesa que mais tarde viria a ser a amiga lésbica de António Ferro (nos anos do salazarismo), menciona a taróloga que lia o destino a Salazar e que originava discussões entre este e o amigo Cerejeira, relata a guerra colonial como a pior de todos os tempos e do problema existencial dos mulatos - netos de avós que deserdaram os filhos por darem um neto de outra cor - fala de amantes, inimigos, do sonho no enriquecimento fácil nos casinos de Macau, da morte do pai que a persegue e que a obrigou a casar com o legionário que supostamente o matou.
Relatos fantásticos da nossa história portuguesa. Impossível o leitor não se identificar com determinadas épocas.
My rating: 4 of 5 stars
2013#249
“Se a linha azul do mar tanto nos seduz é também porque essa imensidão nos lembra o nosso verdadeiro horizonte. Se nos elevamos até aos montes é porque na visão clara que aí se alcança do real, nessa visão sem cesuras, reconhecemos parte importante de um apelo mais íntimo. Se buscamos outras cidades (…) é também perseguindo uma geografia interior. (…) É tão decisivo que as férias, tempo aberto a múltiplas errâncias, não se tornem um período errático e vago; tempo plástico e criativo, não se enrede nas derivas consumistas; tempo propício à humanização, não se perca na fuga a si mesmo e no ruído do mundo. (…) O repouso é uma oportunidade privilegiada para mergulhar mais fundo, mais dentro, mais alto.”
- José Tolentino Mendonça
2013#247
"Saboreei o silêncio e a solidão, atrasei a actividade por uns minutos, durante os quais não fiz nada; apenas me mantive de pé no centro do vazio, assimilando o meu lugar no mundo. "
- pág. 156 O Tempo Entre Costuras de María Duenas
2013#246
" O meu amor não cabe num poema - há coisas assim,
que não se rendem à geometria deste mundo;
são como corpos desencontrados da sua arquitectura
ou quartos que os gestos não preenchem."
- O Canto do Vento nos Ciprestes de Maria Rosário Pedreira
(só descobri esta poetisa este ano)
(só descobri esta poetisa este ano)
2013#245
" "És pó e em pó te tornarás." Recusava esse destino. Tinha de haver outro. Hoje conforta-me saber que serei pó, porque alcançarei um fim. Não estamos condenados à eternidade. Acreditar que temos um fim, que há um fim, é um princípio. "
-pág. 427 A Mulher do Legionário de Carlos Vale Ferraz
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