Enquanto iluminas a entrada do rio
o cobre emudece dinastias sem número
por degraus desiguais os mineiros,
os artesãos, as lavadeiras
lutam pela perfeição, lutam por Deus
em galerias remotas
as armas de caça vencidas
por ramos e arados
nenhuma morte é tão longa quanto a vida
diria quem pela primeira vez
visse debaixo de árvores sombrias
o sítio do mar, a porta das constelações
cem espantos possíveis
e no espanto uma esperança
o loureiro assinala a todos sua ciência negligenciada
címbalos, manuscritos e coroas
atiradas para o chão como vestimenta da batalha
insígnias do nosso posto de estrela em estrela
dão-nos sem nós pedirmos
ouvimos até sem querer
acima das arestas sombrias
a noite clara e os bosques
José Tolentino de Mendonça
numa publicação do Secretariado Diocesano da Pastoral da Cultura do Porto, 2010
numa publicação do Secretariado Diocesano da Pastoral da Cultura do Porto, 2010
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