Da minha infância lembro-me da quantidade de sol que apanhava, dos passeios de domingo, dos passeios à volta à ilha no Verão, de andar sempre atrás da minha tia A. (era tipo a minha irmã mais velha), dos tios paternos que vinham de França e Brasil e me traziam doces, da quantidade de irmãos que nasciam uns atrás dos outros, das roupas que a minha avó materna me fazia com os restos dos tecidos das clientes, dos gatos da minha avó paterna que fugiam de mim e dos meus irmãos, de não poder me portar mal por ser neta e filha de quem era, de mudar fraldas - de pano - aos irmãos mais novos, de ver a minha irmã com um alguidar para amparar o sangue do meu irmão quando este abriu a cabeça, de ver a minha mãe a chorar quando dois outros irmãos tomaram a medicação do meu pai pensando que era flúor e tiveram que fazer uma lavagem gástrica, de ver o meu pai passar o Natal no Hospital, de ir todos os sábados ao Funchal às compras no Mini da minha mãe, ... e acima de tudo lembro-me da minha arma de defesa para com quem mandava bocas estúpidas sobre mim ou a minha família: as minhas botas ortopédicas.
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