Not even God Knows ...
Nestes últimos dias, tudo à minha volta parecia diferente. Mas, a verdade é que estava tudo igual.
Nos últimos anos, foi eu quem divergiu da normalidade. Olho para o Fantasma dos últimos sete Natais e encontro uma constante: a frase "acredita no que quiseres", e na tentativa de acreditar nele, deixei de ser quem era. Para conseguir esquecer, esqueci-me de ser eu e de acreditar em mim. E todos os dias eram maus, até que tive coragem e acabei por tomar a red pill, descobrindo forças escondidas dentro de mim que pensei nao existir mais.
2020 foi um ano apático, foram dias diferentes, de isolamento, distanciamento social, video-chamadas, separações, de máscaras e sweat pants. Foram dias e dias de saudades dos pequenos gestos que faziam da nossa vida normal, o toque ou a presença de alguém que gostamos, a ausência de abraços e beijos ou um simples aperto de mão. Apesar da falta de contacto fisico, os actos de generosidade aumentaram e eu, especialmente deixei de ter medo de partilhar as minhas emoções.
Tenho orgulho em quem sou, perdi pessoas importantes na minha vida, deixei pessoas irem.
O meu coração não ficou com um buraco, expandiu, aumentou de tamanho, criou pontes, para que pudesse ter espaço para novas pessoas e ligar novos sentimentos a antigos.
Será isto saber envelhecer?
Perceber que as vidas não são banais e que apesar de todos os "Adeus" que dizemos, são os momentos entre o olá e o adeus que ficam para sempre.
8 anos
Não gosto de revisitar o passado.
E hoje do que me lembrei foi de que há mais de três meses que não choro desalmaldamente no chuveiro. E não consigo concluir se chorava por ter perdido "as minhas pessoas preferidas"; por ser infeliz com alguém ou por não ter coragem de colocar um ponto final na vida que tinha.