2020 in Books

read-2020 book montage

The Midnight Library
Dispel Illusion
Cat's Cradle
Bad Blood: Secrets and Lies in a Silicon Valley Startup
The Five: The Untold Lives of the Women Killed by Jack the Ripper
A Thousand Moons
Things I learned on the 6:28: A Commuter's Guide to Reading
Almost Love
Ghosts
The Spider Network: The Wild Story of a Math Genius, a Gang of Backstabbing Bankers, and One of the Greatest Scams in Financial History
This Is How You Lose the Time War
The Suspect
The Widow
Regretting You
Yes No Maybe So
The Pull of the Stars
Wow, No Thank You.
Because of You
Just Like You
The Thursday Murder Club

Not even God Knows ...




Nestes últimos dias, tudo à minha volta parecia diferente. Mas, a verdade é que estava tudo igual.

Nos últimos anos, foi eu quem divergiu da normalidade. Olho para o Fantasma dos últimos sete Natais e encontro uma constante: a frase "acredita no que quiseres", e na tentativa de acreditar nele, deixei de ser quem era. Para conseguir esquecer, esqueci-me de ser eu e de acreditar em mim. E todos os dias eram maus, até que tive coragem e acabei por tomar a red pill, descobrindo forças escondidas dentro de mim que pensei nao existir mais. 

2020 foi um ano apático, foram dias diferentes, de isolamento, distanciamento social, video-chamadas, separações, de máscaras e sweat pants.  Foram dias e dias de saudades dos pequenos gestos que faziam da nossa vida normal, o toque ou a presença de alguém que gostamos, a ausência de abraços e beijos ou um simples aperto de mão. Apesar da falta de contacto fisico, os actos de generosidade aumentaram e eu, especialmente deixei de ter medo de partilhar as minhas emoções. 

Tenho orgulho em quem sou, perdi pessoas importantes na minha vida, deixei pessoas irem. 
O meu 
coração não ficou com um buraco, expandiu, aumentou de tamanho, criou pontes, para que pudesse ter espaço para novas pessoas e ligar novos sentimentos a antigos.  

Será isto saber envelhecer? 
Perceber que as vidas n
ão são banais e que apesar de todos os "Adeus" que dizemos, são os momentos entre o olá e o adeus que ficam para sempre. 





8 anos


Não gosto de revisitar o passado. 
Há muito que não o fazia, e quando o faço muitos acontecimentos ressurgem e não quero isso. Hoje faz oito anos que a minha mãe faleceu de doença prolongada. Em Agosto fez oito anos que o meu irmão N faleceu de um ataque cardíaco. Em Fevereiro faz dois anos que a minha única irmã faleceu devido a um derrame cerebral. O meu pai, os meus irmãos, os meus sobrinhos, os meus tios e eu lidamos com a luta constante que é lidar com a perda de entes queridos. 

Mas hoje ao acordar, do que me lembrei não foi das mortes que moldaram algumas das decisões que fiz nos últimos anos. 
Lembrei-me de alguém que era capaz de dizer de manhã que amava uma pessoa e que ao final do dia fazia sexo com outra . Lembrei-me do quanto tentei ser feliz com alguém porque não queria estar sozinha. Lembrei-me das mudanças que fiz, umas para pior e outras para melhor. Lembrei-me do quanto esperei que esse alguém tivesse os mesmos valores de vida que eu. Lembrei-me do quanto é importante gestos de confiança e que nem tudo tem que ser romântico. 
Mas com tantas lembranças, lembrei-me também de que sou humana, de que errar é humano. Nunca devia ter deixado alguém ter estado tanto tempo na minha vida. 
Sempre tentei ser feliz, dei prioridade a mim até que a minha mãe morreu e de repente, dei por mim "sozinha" no mundo, talvez seja essa a razão de ter tido alguém tanto tempo na minha vida e ter me envolvido na relação que acabou este ano. Deixei-me involver com alguém porque tive medo de ficar sozinha. 

Hoje, três meses depois de ter mudado de casa, tento distanciar-me de um passado que moldou os meus medos e algumas das minhas frustações. Yoga, correr e meditação reforçou aquilo que já suponhava ser o melhor para mim, colocar no fundo do saco da minha memória os maus momentos e focar mais em mim e na minha saúde mental. 
Tento esquecer para não embarcar nas emoções. Nunca o consegui plenamente, tem dias. 
E decidi aceitar o passado, mas perdoar não.  
E hoje do que me lembrei foi de que há mais de três meses que não choro desalmaldamente no chuveiro. E não consigo concluir se chorava por ter perdido "as minhas pessoas preferidas"; por ser infeliz com alguém ou por não ter coragem de colocar um ponto final na vida que tinha. 
Penso todos os dias nas pessoas que faleceram, falo com eles, mas não choro de infelicidade como antes.  

 “The world is full of magic things, patiently waiting for our senses to grow sharper” – W. B. Yeats


Why Women Kill