What is essential is invisible to the eye.
Nao é segredo nenhum que tenho dificuldades em perder peso, devido ao metabolismo, hipotiroidismo, devido a factores de stress, devido à genética, são inumeras as razões que posso usar para justificar o volume do meu corpo, no entanto há um ano que deixei de o fazer.
Eu lido com o meu corpo e emoções ao segundo, e demorei muitos anos a aceitar como sou.
Chego sempre à Madeira com o coração aberto e saio com ele cheio de amor da família e com feridas por cicatrizar.
Como sou desencandeia em terceiros inúmeras opiniões e a maioria delas não válidas.
As feridas geralmente são causadas por palavras proferidas por pessoas que só veem um manequim e não conhecem mais nada além do que aquilo que quero transmitir.
Além da hipotiróide, sou saudável, tomo vitaminas D3 e B12, faço exercício - consigo correr 5km sem parar em menos de 33 minutos, tento comer saudável e não consumir alcóol.
Mal cheguei à Madeira, os comentários começaram pelo cabelo, que sou muito nova para assumir os brancos que devo pintar o cabelo.
Mal cheguei à Madeira, o consumo de poncha é diário e às vezes 2/3 ao dia... e daquelas vezes que preferi beber uma água com gelo perguntaram-me se era porque estava de dieta.
Mal cheguei à Madeira, consumi mais frutos secos/tremoços - porque é o acompanhamento da poncha - quando comparado com os ultimos 7 meses, e quando recusei comer o amendoim que alguém ofereceu, perguntaram-se se era porque estava de dieta.
Mal cheguei à Madeira, recebi conselhos de dietas - easyslim, low carb, etc - sem me perguntarem o que quero fazer ou o que faço, simplesmente disseram: acho que devias fazer dieta xyz.
Mal cheguei à Madeira, sou julgada pela minha aparência por pessoas que além de comentarem o meu físico, dizem-se católicas mas não praticam Mateus 22:37-39 Amar o próximo como a ti mesmo. 😈
Porque quem sou não é visível aos olhos, ignoro e a ferida abre.
Not even God Knows ...
Nestes últimos dias, tudo à minha volta parecia diferente. Mas, a verdade é que estava tudo igual.
Nos últimos anos, foi eu quem divergiu da normalidade. Olho para o Fantasma dos últimos sete Natais e encontro uma constante: a frase "acredita no que quiseres", e na tentativa de acreditar nele, deixei de ser quem era. Para conseguir esquecer, esqueci-me de ser eu e de acreditar em mim. E todos os dias eram maus, até que tive coragem e acabei por tomar a red pill, descobrindo forças escondidas dentro de mim que pensei nao existir mais.
2020 foi um ano apático, foram dias diferentes, de isolamento, distanciamento social, video-chamadas, separações, de máscaras e sweat pants. Foram dias e dias de saudades dos pequenos gestos que faziam da nossa vida normal, o toque ou a presença de alguém que gostamos, a ausência de abraços e beijos ou um simples aperto de mão. Apesar da falta de contacto fisico, os actos de generosidade aumentaram e eu, especialmente deixei de ter medo de partilhar as minhas emoções.
Tenho orgulho em quem sou, perdi pessoas importantes na minha vida, deixei pessoas irem.
O meu coração não ficou com um buraco, expandiu, aumentou de tamanho, criou pontes, para que pudesse ter espaço para novas pessoas e ligar novos sentimentos a antigos.
Será isto saber envelhecer?
Perceber que as vidas não são banais e que apesar de todos os "Adeus" que dizemos, são os momentos entre o olá e o adeus que ficam para sempre.
8 anos
Não gosto de revisitar o passado.
E hoje do que me lembrei foi de que há mais de três meses que não choro desalmaldamente no chuveiro. E não consigo concluir se chorava por ter perdido "as minhas pessoas preferidas"; por ser infeliz com alguém ou por não ter coragem de colocar um ponto final na vida que tinha.